Didicografia: Issues – Black Diamonds

Publicada originalmente com diagramação artística na Quartemo MAG #002

Apresentação

Estamos ficando velhos, isso significa que vários albuns que acompanhamos estão fazendo 10 anos (e os que amamos fazendo 20…). E esse é o motivo da escolha de Black Diamonds ser o primeiro álbum analisado aqui no novo quadro da Mag.

Didicografia é a realização dum projeto imaginário que tenho desde antes da pandemia, de compartilhar minha visão sobre os discos que já ouvi na vida. Já ouvi uma quantidade razoável de sons e tenho muita opinião sobre cada um deles, então nada mais justo que compartilhar e ter registro dessa visão. Adoro rever achismos antigos e comparar com a visão contemporânea.

Aliás, por tratarmos do material de artistas de uma cena com um EXCESSO de casos de abuso e assédio, é impossível não comentar sobre esse tipo de coisa, MASSSSSS, minha ideia é sempre voltar para a época e escopo do álbum, então deixarei esses comentários para quando, ou se, comentarmos o último disco da banda. Prometo não passar pano nem em branco sobre o ocorrido nas mais diversas bandas que falarmos aqui.

Na vida e em nossas redes sociais, sempre nos mostramos ativamente contra qualquer tipo de abuso e assédio contra mulheres, público LGBTQIA + e pessoas de cor, seja na nossa cena ou na internacional. Isso serve para mudança de formação também, os comentários sempre serão relativos às mudanças da época de cada disco analisado, até porque essas mudanças costumam também influenciar a sonoridade das bandas.

O álbum

Vamos ao assunto, Black Diamonds foi lançado em 2012 pela banda Issues, formada após briga entre os membros do Woe, Is Me causando eventualmente a saída dos futuros vocais: Tyler Carter no vocais limpos e Michael Bohn nos berros. Vale dizer que em ambas as bandas, os dois cumpriam os mesmos papéis, e já cultivavam uma parceria. Essa treta das bandas durou um certo tempo, para mais detalhes recomendo o vídeo do The Cozy Representative (salve Giba!), que faz uma análise completa [às vezes até demais] do que rolou.

A banda chamou atenção logo no primeiro single, King of Amarillo, tanto pela sonoridade quanto pela letra cheia de indiretas e diretas para a ex-banda dos vocais:

“We are the future like no one ever knew you

[…]

If you don’t like these lyrics then go listen to Genesis.”

– King of Amarillo

Da parte da sonoridade, tem uma pegada moderna, que podemos chamar de vanguarda por se sustentar até hoje, misturando o melhor do metalcore, seus tibres e breakdowns ritmados, com mesclas interessantes de outros gêneros.

Issues trouxe um frescor muito original para o gênero, com uma formação de membros bastante competentes trabalhando juntos em harmonia. Tyler já cantava muito no WIM, mas aqui ele alcança outro nível misturando vocais de R&B, Pop e Rap. O EP deixa claro que foi produzido por alguém ligado ao Hip-Hop, Tyler Acord/Scout, pela introdução com samples de rap, beat trap, scratches e um teclado que acompanharia o ep inteiro, muito bem mesclado com os outros instrumentos. Como diz o nome, Tyler é irmão de Skyler Acord, o competentíssimo baixista da banda que ajuda na potência dos breakdowns. Aqui já se mostrava grande instrumentista, mas acho que seus baixos vão brilhar de verdade só no segundo álbum longo, Headspace.

Hoje em dia Skyler, é o baixista de turne do Twenty-One Pilots. Recebendo inclusive momentos de destaque no show durante a ultima turnê.

À época, Djent estava na crista da onda, era o novo tempero do metalcore, e a banda conseguiu trazer essa referência aliada a melodias de RnB com muito peso sem perder a energia pulsante, fugindo de qualquer sonoridade quadrada de rock. Tudo isso de maneira completamente orgânica e criativa. O resultado não poderia ser outro, Black Diamonds foi um EP que tinha o propósito só de lançar a banda e acabou marcando completamente a cena da época, com uma sonoridade que é referência até hoje.

Em 2014, chegaram a lançar uma versão remix do CD mas nada além de versões acústicczzzZZZZZZ.

Músicas que recomendo:

  • King of Amarillo
  • Love, Sex and Riot (feat. Fronz)
  • Princeton Ave

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