Publicada originalmente com diagramação artística e fotos do evento na Quartemo MAG #001
Dia 21 de Agosto foi um dia mágico para quem estava no VIVO Rio. Depois de 2 anos, a agência OLGA realizou a segunda edição do Polifonia, um festival que resume a grande missão da produtora: Recolocar o Rio de Janeiro no eixo da cena underground nacional. Em parceria com o VIVO Rio, eles criaram um um novo palco para consagrar as bandas na cidade maravilhosa. Meu nome é Marfelo Lacerda, do Quartemo e essa foi a minha jornada polifônica.
A largada para o festival foi dada na noite anterior na Polifonight, uma com a Festa Crush, a primeira festa de emo e pop-punk do Brasil fundada, entre outros, por Mateus Simões, um dos sócios da OLGA.
Além do retorno de Mateus às pickups e Djs sets dos atuais residentes da Festa a noite contou com shows da The Mönic e Meu Funeral, tocando covers de Hole e Forfun, respectivamente. A surpresa especial foi a participação de Thiago, vocalista da clássica banda Darvin, durante “Apague a Luz”.
No dia seguinte, eram três da tarde e a fila para o Polifonia estava enorme, encarando o sol quase inesperado, enquanto se dissolvia para dentro da casa de shows. Logo que entrei, encontrei Simões, que olhava as pessoas entrando com ar de orgulho, “agora a gente acertou a mão, veio gente do Brasil todo pra estar aqui hoje”.
Meu Funeral
Enquanto isso, os cariocas da “Fufu”, apelido carinhoso da Meu Funeral, aqueciam para receber as centenas de pessoas, que já estavam ali se acumulando em frente ao palco.
O punk-rock irreverente da Meu Funeral cativou a audiência e deu a sensação de dever cumprido a uma das bandas mais ativas da cena. Eu assistia da plateia, como uma mãe orgulhosa, é impossível conhecer a Fufu, e não ser conquistado pela energia CAÓTICA do quarteto.
The Monic
Aquela era minha segunda vez seguida vendo a The Mönic no palco. Tenho que dizer, , que delícia foi a porrada de rock noventista que entregaram ao vivo. Foi como se o espaço tivesse elevado as músicas a um novo patamar.
Vendo o show do backstage, ficou claro que o público também estava impactado com o poder daquelas mulheres. Para mim, o melhor momento , foi quando a Dani, largou a guitarra no chão e mergulhou na galera, enquanto o Lucas, da Meu Funeral, que curtia o show do meu lado, entrou como um raio, assumindo a guitarra pra tocar com o resto da banda, foi um momento inesquecível.
The Mönic se despediu do palco do VIVO Rio sendo ovacionada. MERECIDAMENTE.
Zimbra
Minha primeira vez ouvindo Zimbra foi ao vivo, lá em 2019 na estreia do Polifonia. Ok, eu já conhecia o grande hit da banda, “Viva”, mas foi ali no palco desse mesmo festival, que em 2019,eu descobri o quanto eles são especiais.
Quando cheguei pra ver esse showzão, eu e o Galha, batera da lendária Catch Side, encontramos o Mateus de novo, olhando fixo para o show. Naquele momento rolou uma confidência: encantado com a banda, ele nos contou que mesmo sendo difícil escolher, Zimbra era sua banda favorita naquele festival. Quando percebi a multidão, que naquele momento, já lotava a casa, ficou claro que ele não era o único. A sensação era que a galera preenchia o ar, cantando junto com Bola e companhia, tanto os clássicos, quanto as novidades do recém lançado Sala Dois.
Ficou evidente a quantidade de carinho que havia sido colocado naquele line-up, a atmosfera de celebração contagiou a todos durante a execução linda de “Já Sei”. Naquele momento Galha não parava de desdobrar elogios a técnica e precisão do Pedro, Batera da Zimbra.
Menores Atos
Quando o assunto é Menores Atos, o autor dessa matéria deixa de ser um narrador confiável. Eu acompanho a banda há 9 anos, na época eles ainda estavam lançando o, agora aclamado, álbum “Animália”. Ver Cyro, Celso e Ricardo, de volta ao palco do Vivo Rio, me remeteu ao momento em 2019 quando os 3 haviam deixado a cidade, para se mudarem para São Paulo. Agora, eles voltaram consagrados, tendo rodado o país em 2021.
Como destaque, para esse show, fica o momento em que levaram um quarteto de cordas da Nova Orquestra para o palco durante a música “Breu”, faixa do EP Lúmen, lançado no início do ano, e a já clássica,“Passional”.
O show terminou ainda com um gostinho especial, na hora em que o antigo baixista da banda, Luis Felipe, subiu para cantar Sereno, uma das músicas mais emblemáticas do trio.
Depois do show, tive a chance de conversar com Ricardo Nogueira, técnico de som da Menores. Nosso papo foi sobre como ele tirava proveito da sensibilidade pop, inerente a banda, para poder pesar bastante o som deles, mantendo sempre AQUELA pegada, independente do quanto melódica e sensível a música seja.
Supercombo
O público do VIVO Rio se mantinha inabalável quando, aos berros, recebeu a Supercombo. A banda também retornava ao Polifonia, e repetindo o feito da última edição, tomou o lugar de assalto. Tocaram músicas de todas as fases da carreira, e mostraram que as recentes mudanças na formação não
abalam em nada a energia de Leo, Carol, Vaz e Pindé.
O Show também foi recheado de participações, Lucas Silveira, da Fresno, cantou “Cebolas”, Cyro Sampaio, da Menores Atos, cantou “Sol da Manhã”. Tudo terminou com uma grande invasão ao palco.
Fresno
“P*** QUE PARIU É A MAIOR BANDA DO BRASIL”
Conforme a noite rumava para o seu fim, eu deixei os bastidores para assistir a Fresno de frente. A banda entregou no palco do Polifonia, um set focado nos dois últimos álbuns, que reinventaram seu estilo e música. Contudo não faltaram clássicos, tanto do auge do emo, quanto dos álbuns independentes.
Após conquistar manchetes pelo mundo, ao lutar contra a tentativa de censura do atual governo. A Fresno manteve seu discurso alinhado, sabendo dialogar com seu público. Rolou o aceno aos fãs antigos com a lendária “Quebre As Correntes” a pequena passagem de “Agora Deixa”, música do projeto Inventário, que entrou para o último álbum da banda, o hypado, Vou Ter Que Me Virar.
O show seguiu a estrutura apresentada durante toda a turnê do último álbum, e terminou com a sequência de “Eles Odeiam Gente Como Nós” e a clássica “Revanche”, emendada no já tradicional canto de protesto contra o Presidente.
O Polifonia
O Rio de Janeiro está de volta ao jogo, o Festival entregou 6 shows memoráveis, com bandas de vários calibres e sonoridades. Tudo isso, com uma estrutura top de linha. Em todas as edições o Festival soube fazer uso do espaço oferecido pela casa, para trazer uma curadoria excepcional para o palco do VIVO Rio. Nos bastidores o clima de recompensa e orgulho era palpável, como se todo sorriso dissesse “estamos de volta, e pra ficar”.
Do lado de fora, essa sensação claramente havia contagiado o público, também que continuou por algum tempo do lado de fora, prolongando o rolê e esperando o preço do uber baixar.